Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para terminar um manuscrito.
Foi uma verdadeira revolução na história, e ...
Essa revolução já acabou.
Há 10 anos, pelo menos. Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra. Óbvio: os 7 milhões de volumes que a Universidade de Cambridge mantém hoje nos 150 quilômetros de prateleiras de suas várias bibliotecas caberiam em 4 discos rígidos de 500 gigabytes. Só 4. Sem falar que ninguém precisaria ir até Cambridge para ler os livros.
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma ''pequena'' livraria chamada Amazon. Bom, se um extraterrestre pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tá-buas de argila, e ainda continua firme?
Você sabe por que. Ler um livro inteiro no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche e muito Amor.
Mas muitas pessoas dizem que essa relação pode estar perto do fim. E se esse amor só durar porque ainda não apareceu nada melhor que um livro, para a atividade de ler um livro. !?!
E se aparecer..?
Se aparecer ou quando acontecer. Dizem que ira ser igual ao cd, que meio já morreu, e do dvd, que está respirando com a ajuda de aparelhos.
Créditos na imagem*
Bom brincadeiras a parte! A conversa e séria - dezenas de empresas estão trabalhando justamente para unir o que os dois lados têm de bom. A Philips, por exemplo, desenvolve um protótipo, o Liquavista, com tela de tinta. Mas colorida. Outra, a Pixel Qi, está fazendo um livro eletrônico com um lcd sensível ao toque. Mas que não emite luz (!). A E- Ink, que faz a tela do Kindle, também quebra a cabeça. E sempre tem a Apple... Ou seja: uma hora o livro eletrônico ideal chega. E, quando isso acontecer, nossas estantes de livros iram virar algo tão anacrônico quanto aquela caixa de sapato cheias de fitas cassete. Aquela mesma, que nossos pais ou ate mesmo alguns de nos guardávamos. E que acabou sumindo. puff!
Fonte- Revista super interessante
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